da conversa entreouvida atrás da porta.

achei que você estivesse aqui.

não quero conversar. não quero.

eu sei o que você tem

sabe?

Cara, ela é feia, de verdade, não digo isso pra te animar não, e é meio vagabunda

eu sei.

então porque você deixa isso te importar?

não sei.

cara...

se ele pedisse eu dava o mundo...

eu sei, mas ele não quis o mundo real,
ele preferiu a fachada, deixa disso,
vem pra festa,
tá todo mundo perguntado sobre você.

não tô a fim não, me deixa, tô aqui pensando.

vai ficar pensando nisso?

tô só pensando na graça da vida

graça da vida?

é.

e qual é ?

é a mentira.

como assim?

eu dei tudo de mim, de verdade,

toda minha honestidade, todo meu carinho

e? qual a graça?

ele não conhece ela, toda aquela fachada, serve pra ele.

ainda não entendi.

a graça é eu ter lutado tanto pra crescer,

pra ter uma identidade,

pra ser alguém real e acabar

trocadaa por uma fachada.

ai amiga, você fala umas coisas que eu não entendo direito
deixa esse papo pra lá, ela é feia. e meio vagabunda, não lembra do que eu te contei?

é lembro.

então, vem...

tá, ja vou.

me deu o que pensar.