segunda-feira, abril 09, 2007

Do que já foi, mas ficou.

Ela não é o tipo de garota que ele levaria pra casa, não, em absoluto. mas ainda assim ele a pega pela mão e a beija nos lábios. Não que ela seja feia sabe, feia ela não é, mas ela não é quem ele sempre quis, ela é doce e encantadora mas não é o que ele procurava. ainda assim ele a procura novamente, ele tem certeza de que ela vai decepcioná-lo, ele não a ama, nem confia nela, mas ainda sim ele liga, chama, pede. “Seja minha” ele diz e ela jura solenemente ser dele e só dele, que se perturba, ele que se agonia, ela já foi de tanta gente, é absurdamente viva e jovem ela o incomoda em tudo, ela é tão... errada.Dentro dos olhos dela vê um brilho, ele se encanta, ela repete ser dele, toda dele, somente dele, e ele gosta, tenta acreditar. o brilho no olhar dela quase ofusca, mas ele sempre se lembra, o brilho dela é vidro barato..Ela escuta, vê , ela sente. ela! Ela! Ela! é uma profusão de vontades, de besteiras, de ciúmes, ela se desmancha por ele, para ela tudo nele é poesia, tudo nele é romantismo... ela se descuida, ela fala demais. Ela não pára de dizer a ele como ele é diferente. Como ela é tola! Ele se irrita, como ela não consegue perceber? O que ela tomar por elogio ele toma por ofensa, ele se compara com todos eles, com tantos deles, ele se recrimina, se levanta , vai embora, a deixa só, sem entender.
Não, eu digo, feia ela não é, mas ela fala demais, ela sente demais. Ele se incomoda, ela toma muito espaço, ele não se apega, não consegue. ele olha nos olhos dela, nos olhos que sorriem pra ele, nos olhos que o convidam e ele a deseja, ele se enraivece ele pensa em todas as outras vezes que aqueles olhos brilharam,vezes em que não brilharam pra ele. ele tem a plena certeza de que toda palavra dela faz parte de um discurso memorizado, ele a vê em sua mente, dizendo todas aquelas sutilezas e docilidades debruçada no peito de outro homem, pior ainda, de outros homens. Ele a vê nua displicente numa almofada, vê seus cabelos esparramados pelos ombros, sente ódio.toda vez que ela diz que o ama. ele não sente nada. Nada do que ela diz soa como verdade pra ele. cada vez que ela declara seu pretenso amor ele se enraivece. e ela chora, faz muxoxo, se aninha nos braços dele, parece um gato, arqueia as costas, alisa os cabelos e se afunda no ombro dele escondendo os olhos lacrimosos. Por um segundo ele quase chega a acreditar, mas tem certeza de que ela já fez tudo isso antes.Ela chora, pede, implora, reclama. - "meu deus"- ele pensa, ela só reclama, ela nunca está satisfeita. Ele faz as vontades dela, ele a leva a todos os lugares, ele lhe dá presentes, mas ele não a ama, ele não consegue, quando ele fecha os olhos ele a vê com outro,com qualquer outro, como quem faz do amor uma rotina pobre.e podre.ele se enoja. Ela o procura, felinamente, quer se fazer bonita para ele, se perfuma, se arruma, veste seu melhor sorriso e afaga os cabelos dele, ele se inebria, a deseja ,ela sussurra o nome dele enquanto ele se satisfaz , ela suspira. ele é tão diferente de todos os outros. ela diz a ele que o ama e ele nem mesmo mente.A dor dela vale mais que mil palavras. Ela tem um riso fácil, ele sabe tudo que a faz sorrir, ele quer fazê-la sorrir, mas esse arroubo romântico dura só alguns segundo quando então ele lembra que ela também já sorriu pra todos eles, e apesar de toda devoção dela, apesar de todas as juras é somente quando ela chora que ele se sente realmente amado.


[esse é meu :D]

Um comentário:

desativado. disse...
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