terça-feira, março 18, 2008

a freqüente sensação de observação se tornou apenas silêncio, a mente ocupada não criava sombras, não sustentava fantasmas.
Na escuridão quase que total tateava o caminho com aflição, temia com os pés descalços estalar uma barata desavisada. Sentia-se ela intrusa de seu lar,aliás, lar delas, a noite é das baratas.
-das baratas e dos miseráveis- murmurou,sem se poupar um esgar de irônia.Escancarou os armários, tateou garrafa e copo,"sem baratas eu espero"(eram quase que uma idéia fixa, suas colegas de quarto) sentou-se na varanda, encaixando as pernas nuas na grade deixou-as pender como uma criança que não alcança o chão. No décimo primeiro andar venta muito e é sempre difícil acender um cigarro, mas o que são esses detalhes pra quem tem a madrugada inteira?
Então, o que virá depois? ela está com a cabeça apoiada nas grades que separam suas pernas, pernas que pendem ao vento, vento que gela suas bochechas e apaga seus fósforos. Claro. fósforos. Qual a fumante inveterada que usa fósforos ? Não, corrija isso, vento que baila coma chama do isqueiro, isqueiro que é importante para nossa heroína. heroína. uma garota de madrugada, debruçada entre as grades de sua varanda bebendo uma vodka barata com um cigarro apagado não é exatamente a cheerleader que vai salvar o mundo, ainda mais uma que anda descalça e tem uma coisa com baratas.

Um comentário:

sofia disse...

tô pra ver quem é o sóbrio que vai salvar o mundo.

viva os destilados baratos! \o/