quinta-feira, abril 03, 2008

o silêncio vai ficando mais escuro, como o mar quando se aprofunda
é um silêncio profundo, escuro, podre.

a inveja sobe, consome, transborda.
tudo é infinitamente mais fácil, mais bonito, mais valoroso do lado de lá, onde a luz bate, onde a música chega.

mas aqui, o silêncio só se aprofunda.
silêncio seco.
não tem gosto, não tem cheiro, não tem cor, não tem som.
é silêncio, é escuridão.

o monstro de olhos verdes está empoleirado nos meus ombros agora, ele quebra meu silêncio com seu resfolegar, ele preenche cada centímetro de mim, com seu cheiro pútrido, com seu gosto amargo, com seu verde escuro.
agora o silêncio não é mais solitário.
Estamos eu e o monstro de olhos verdes.
Ele pesa no meu ombro,me encurvo, sufoco.

sufoco. em silêncio.

Onde está meu ar? onde estão minhas palavras? onde ficou minha força?
não encontro e ele pesa.
já não caminho mais, ele cresce.
Meu corpo cede ao seu peso, ele se entranha.
não somos mais eu e ele. não somos. ele é.
é dono deste corpo. não há mais silêncio agora, ouço gritos.

gritos sufocados.

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